Comercio e ógãos públicos fecham as portas em luto pela morte de sete pessoas em trágico acidente
O Município de Pintadas localizado no Território do Jacuípe, nunca
havia registrado uma tragédia com tantas mortes em um acidente desde a
sua emancipação no ano de 1985. A morte de sete moradores e outros oito feridos na tarde de terça-feira,29, na BA 414 trecho Ipirá/Pintadas,
quando retornavam de Ipirá no Furglaine placa BWU 0382, licença de
Pintadas, onde participaram de um sepultamento chocou toda população, e
nesta quarta,30, o comércio não funcionou como também os órgãos
públicos.
Os corpos só chegaram nas residências das famílias entre o fim da
tarde e o inicio da noite de quarta-feira, 30, depois de praticamente 24
horas no Departamento de Polícia Técnica de Itaberaba, passando por
necropsia, apenas um corpo foi para Feira de Santana, uma vítima que
estava sendo transferida e veio a óbito próximo a referida cidade.
O CN esteve na cidade de Pintadas e testemunhou o sofrimento das
pessoas,o veículo envolvido no acidente esteve todo tempo cercado de
pessoas lamentando o ocorrido.Com capacidade para 12 passageiros,
segundo informações dos sobreviventes, no momento do acidente,
transportava 16 pessoas que retornavam do sepultamento da aposentada
Eliziária Soares Brasileiro, 69 anos, que sofreu um derrame vindo a
falecer na tarde de segunda-feira (28) no Hospital Estadual de Ipirá.
Diferente do que foi reportado anteriormente quando foi dito pela
imprensa que um dos pneus havia se soltado e provocado o capotamento, na
verdade o pneu traseiro do lado do passageiro detonou e o motorista
acabou perdendo o controle e virou na pista.”O problema é que esse carro
é de fibra, quando virou se despedaçou todo e as pessoas caíram no
asfalto, pois estavam sem cinto, e mesmo que estivessem não adiantava,
como podemos ver na situação desse carro”, observou o morador Francisco
Rios.
Na opinião de outro morador que preferiu não ter sua identidade
revelada talvez se fosse em outra van tipo Sprinter poderia ninguém ter
morrido.” Não vi como capotamento, na minha opinião aconteceu um
tombamento e se fosse um carro de chaparia normal e todos estivessem
sentados e com cinto poderia até ter morte, mas acho que não morreria
tanta gente não”, avaliou o morador.
Entre os mortos apenas um homem tinha menos de 50 anos.
O primeiro corpo a chegar foi o da dona de casa Maria Almeida de
Jesus Rocha, 65 anos, sendo velado na Fazenda Queimada Redonda,cerca de
10 km da cidade de Pintadas.Uma extensa carreata formada por veículos
que transportavam familiares e amigos chegou à cidade no final da tarde,
seguindo para igreja Matriz, onde foi celebrada uma missa de corpo
presente pelos padres Erivaldo e Francisco. O corpo de Maria de Nel,
como era conhecida, foi sepultado ás 19h no cemitério da cidade.
Também
foi sepultado na noite de quarta-feira o corpo do aposentado Valdemar
dos Santos Oliveira,70 anos, residente na Fazenda Coqueiro, distante 20
km da sede de Pintadas. Conhecido por Zazá, o aposentado deixou viúva e
onze filhos,um deles residente em São Paulo. Valdemar foi sepultado no
cemitério do Povoado de Mandacaru,município de Baixa Grande.Segundo um
dos filhos,a opção de sepultar o pai no vizinho município é pela
distancia, apenas 12 km e também por já existir outros familiares
sepultados no referido cemitério.
Alfredo Martins dos Santos,conhecido por Alfredinho do Capim Branco
que era motorista e dono do furgão, residia na Rua Almeida Lima, saída
para Baixa Grande. Segundo um parente que não quis ser identificado,
disse que ele não trabalhava na área do transporte alternativo, apenas
fretava seu veículo quando surgia oportunidade, a exemplo da viagem a
Ipirá transportando as pessoas para um sepultamento. Apesar de ter uma
casa residencial na sede, ele passava a semana em sua propriedade rural
próximo a Fazenda Queimada Redonda, onde reside a maioria das pessoas
acidentadas. O corpo de Alfredinho foi sepultado na manhã desta
quinta-feira (31).
Também foi sepultado na manhã desta quinta-feira, Virgílio Almeida,72
anos, que residia na Rua Irmã Dulce. Viúvo, “Seu” Virgílio deixou 11
filhos, sendo que sete residem na cidade de Boituva, interior do estado
de São Paulo. Nenhum deles conseguiu participar do velório pela
dificuldade na logística do transporte a tempo de alcançar o horário do
sepultamento.
O corpo Aquilina Ferreira Lima, 69 anos, que morava na Avenida
Paciência, foi velado na própria residência. Ela era mãe de Sinval
Ferreira Lima, 35, que também faleceu no local do acidente. Dona Pipi do
Lameiro, como era chamada a dona de casa, foi uma das vitimas que
morreu no local. Seu filho Godó, como era conhecido, também morreu no
local e os dois corpos foram sepultados na manhã desta quinta-feira.Dona
Pipi no cemitério municipal e Godó no cemitério de Hermidia, na Fazenda
Água Doce, a 19 km da sede.
Godó era integrante da Igreja Congregação Cristã do Brasil e um
grande número de fiéis se concentraram em frente da sua residência
situada na Rua do Amparo. Uma das irmãs da Igreja disse ao CN que Godó
era casado há 12 anos e que “sonhava” em ser pai e repetidamente dizia
que Deus estava lhe preparando um filho, “mas os planos de Deus era
outro”, falou Jamille Barbosa.
O
último corpo a chegar a Pintadas foi da agricultora familiar Ivonete
Gonzaga de Andrade,53 anos, que morreu quando era transferida do
Hospital Estadual de Ipirá para o Hospital Geral Clériston Andrade, em
Feira de Santana. O corpo de Ivonete chegou a Fazenda Queimada Redonda
por volta das 22h e foi sepultado na manhã desta quinta-feira.
Ivonete teve o corpo necropsiado no DPT de Feira de Santana. Casada
com Antonio de Deus Andrade, ela deixou apenas um filho. Os vizinhos que
aguardava a chegada do corpo, disseram ao CN que estavam em corrente de
oração pela vida da vizinha Maria Viena de Sena, 60 anos, conhecida por
Maria de Aresino, também moradora da Fazenda Queimada Redonda, que está
internada no Hospital Geral, muito grave, segundo informações chegadas
de Salvador.
A dona de casa Maria Normeide, estava no veículo na hora do acidente e
sentada no banco da frente. As duas pessoas que estavam sentadas ao seu
lado faleceram e ela contou que ouviu um “estrondo” e alguém gritou: “O
pneu estourou” em seguida o carro capotou.
Mirando
Soares Brasileiro, 67 anos, irmão de Eliziária Soares, contou ao CN que
foi o primeiro a chegar no local, pois vinha logo em seguida. “Quando
vi aquela cena pensei que era um caminhão virado, mas ao chegar mais
perto vi que se tratava do carro de Alfredinho. Todas as pessoas estavam
na pista e comecei a cuidar dos mais graves, pois notei que Pipi, Godó,
Maria de Nel e Zazá já estavam mortos. Virgílio, ainda tentamos
socorrer, mas morreu em Ipirá. Foi uma coisa muito feia e não gosto nem
de lembrar”, desabafou Miraldo.
“É com profundo pesar que recebemos a notícia desta tragédia que fere
os corações de nossa comunidade e nos deixa em luto. Que neste momento
de dor, Deus possa consolar as famílias enlutadas”, declarou deputada
Neusa Cadore (PT). Ela chegou à cidade no final da tarde e visitou todas
as residências onde aconteceram os velórios. O deputado estadual Paulo
Azi, presidente do Democrata na Bahia, também esteve no município.
Da Redação CN * fotos: Raimundo Mascarenhas
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