O BÊBADO E O SOLDADO EQUILIBRISTA
José Batista Junior
La pelos idos de 1970, há mais de 40 anos atrás, época em que na então pequena cidade de Sousa na Paraíba o contingente policial se restringia a um cabo e três soldados da Policia Militar comandados por um sargento que assim também exercia a função de delegado do município, ocorreu um fato policial pitoresco, inusitado que comprova a inércia da força policial da época e o quanto a sociedade local estava desprotegida, tal qual em tempo do cangaço.
O único policial de plantão naquele dia a fazer a segurança da cidade, soldado bastante conhecido em toda a região e que a partir de agora para não identifica-lo passo a chama-lo pelo nome fictício de Geraldo, apesar de ser homem e profissional honesto, honrado e pacato, era tão pacato que nunca havia efetuado uma prisão sequer na sua trajetória policial. A sua primeira prisão seria naquela data.
Era um final de tarde de um dia ensolarado igual a tantos outros finais de tardes na tranquila cidade de Sousa, porém diferente nessa ocasião, pois um bêbado estava bagunçando e chateando as pessoas em um bar situado no bairro da Estação Ferroviária. Depois de algum tempo chegou o pacato soldado para tomar providências sobre o fato, vez que terceiros o haviam denunciado na Delegacia solicitando interferência policial. Ao entrar no bar, o soldado Geraldo deu voz de prisão ao bêbado que não o conhecia, tendo também nesta oportunidade, o então "valente" policial desarmado o cidadão tomando a sua faca peixeira antes que o mesmo fizesse algo pior com algum dos frequentadores daquele recinto.
Como não havia viatura no momento, vez que esta provavelmente estava com o sargento-delegado noutra localidade, então o "decidido" soldado que estava na sua bicicleta, mandou que o bêbado subisse no bagageiro desse veículo de duas rodas, para irem os dois, polícia e preso arruaceiro, para a Delegacia, o que foi de pronto obedecido. E assim saiu o então "valente" e orgulhoso soldado se equilibrando na sua bicicleta com o bêbado se balançando de tonto pelo efeito do álcool ingerido e resmungando na garupa pelas ruas da cidade.
Ao chegarem a determinado local um transeunte gritou: - E aí Geraldo, vai levando esse daí preso?... Soberbo por ter realizado a sua primeira prisão, o soldado Geraldo então confirmou que sim, sendo que o bêbado indagou: - Quer dizer então que você é quem é o soldado Geraldo?... Usando da sua suposta autoridade Geraldo respondeu que sim e até interrogou o bêbado sobre o porquê da pergunta. Em ato seguido o bêbado saltou do bagageiro da bicicleta de Geraldo e já no chão falou meio trôpego em fala de bebum: - Me dá a minha peixeira que não vou mais para a Delegacia com você não!... Atordoado e sem ação após devolver a faca do suposto preso, o pacato soldado Geraldo indagou: - HOMEM DEIXE DE SER COVARDE, VAMOS PRESO LOGO, FAÇA ISSO NÃO!... O bêbado, não lhe dando atenção, tomou rumo e foi embora cambaleando pela rua afora, enquanto o soldado Geraldo, triste e desconsolado, subiu na sua bicicleta e se equilibrando foi descansar na sua Delegacia de tão "estafante e perigosa ação", sem de fato efetuar a sua primeira prisão.
Contam que o pacato soldado Geraldo, de tão pacato que era, morreu bem velhinho, com a cidade já bem evoluída, deixando apenas amigos e nenhum inimigo.
José Batista Junior
La pelos idos de 1970, há mais de 40 anos atrás, época em que na então pequena cidade de Sousa na Paraíba o contingente policial se restringia a um cabo e três soldados da Policia Militar comandados por um sargento que assim também exercia a função de delegado do município, ocorreu um fato policial pitoresco, inusitado que comprova a inércia da força policial da época e o quanto a sociedade local estava desprotegida, tal qual em tempo do cangaço.
O único policial de plantão naquele dia a fazer a segurança da cidade, soldado bastante conhecido em toda a região e que a partir de agora para não identifica-lo passo a chama-lo pelo nome fictício de Geraldo, apesar de ser homem e profissional honesto, honrado e pacato, era tão pacato que nunca havia efetuado uma prisão sequer na sua trajetória policial. A sua primeira prisão seria naquela data.
Era um final de tarde de um dia ensolarado igual a tantos outros finais de tardes na tranquila cidade de Sousa, porém diferente nessa ocasião, pois um bêbado estava bagunçando e chateando as pessoas em um bar situado no bairro da Estação Ferroviária. Depois de algum tempo chegou o pacato soldado para tomar providências sobre o fato, vez que terceiros o haviam denunciado na Delegacia solicitando interferência policial. Ao entrar no bar, o soldado Geraldo deu voz de prisão ao bêbado que não o conhecia, tendo também nesta oportunidade, o então "valente" policial desarmado o cidadão tomando a sua faca peixeira antes que o mesmo fizesse algo pior com algum dos frequentadores daquele recinto.
Como não havia viatura no momento, vez que esta provavelmente estava com o sargento-delegado noutra localidade, então o "decidido" soldado que estava na sua bicicleta, mandou que o bêbado subisse no bagageiro desse veículo de duas rodas, para irem os dois, polícia e preso arruaceiro, para a Delegacia, o que foi de pronto obedecido. E assim saiu o então "valente" e orgulhoso soldado se equilibrando na sua bicicleta com o bêbado se balançando de tonto pelo efeito do álcool ingerido e resmungando na garupa pelas ruas da cidade.
Ao chegarem a determinado local um transeunte gritou: - E aí Geraldo, vai levando esse daí preso?... Soberbo por ter realizado a sua primeira prisão, o soldado Geraldo então confirmou que sim, sendo que o bêbado indagou: - Quer dizer então que você é quem é o soldado Geraldo?... Usando da sua suposta autoridade Geraldo respondeu que sim e até interrogou o bêbado sobre o porquê da pergunta. Em ato seguido o bêbado saltou do bagageiro da bicicleta de Geraldo e já no chão falou meio trôpego em fala de bebum: - Me dá a minha peixeira que não vou mais para a Delegacia com você não!... Atordoado e sem ação após devolver a faca do suposto preso, o pacato soldado Geraldo indagou: - HOMEM DEIXE DE SER COVARDE, VAMOS PRESO LOGO, FAÇA ISSO NÃO!... O bêbado, não lhe dando atenção, tomou rumo e foi embora cambaleando pela rua afora, enquanto o soldado Geraldo, triste e desconsolado, subiu na sua bicicleta e se equilibrando foi descansar na sua Delegacia de tão "estafante e perigosa ação", sem de fato efetuar a sua primeira prisão.
Contam que o pacato soldado Geraldo, de tão pacato que era, morreu bem velhinho, com a cidade já bem evoluída, deixando apenas amigos e nenhum inimigo.
Autor: José Batista Junior
Nenhum comentário:
Postar um comentário