Na Bahia de Octávio Mangabeira, o absurdo ganhou mais um precedente. O ex-presidiário Carlos Roberto de Jesus tinha tudo para cometer o que seria mais um crime de mando em Pindobaçu, a 400 quilômetros de Salvador. Porém, ao descobrir que conhecia a mulher que deveria matar, o “pistoleiro” resolveu forjar o homicídio e dar parte do dinheiro (R$ 1 mil) à “vítima”.
Faca entre o braço e o peito da mulher simulava o
esfaqueamento
Contratado pela dona de casa Maria Nilza Simões para
matar outra dona de casa, Erenildes Aguiar Araújo, Carlos Roberto fez um acordo
com a mulher e, em pleno São João, encenou tudo usando um pote de ketchup, uma
mordaça e uma faca. Como prova de que o crime havia sido consumado, ele tirou
uma fotografia da “morta” e entregou à mandante. A mulher acreditou na foto,
apesar da montagem grotesca com a faca “encravada” debaixo da axila de
Erenildes, que aparece na imagem amordaçada e o corpo labreado com o
condimento.
Mas como na Bahia o insólito é apenas um pretexto, é aí que
entra o precedente do precedente. Três dias depois, passeando pela feira da
cidade, a mandante deu de cara com o “assassino” e a “vítima” - se beijando,
segundo a própria Maria Nilza contou ao delegado da cidade, Marconi Almino.
Apesar disso, a mandante preocupou-se mesmo foi com os R$ 1 mil pagos e
correu para a delegacia para acusar Carlos Alberto de roubo. Inicialmente, para
a polícia, pareceu uma queixa de rotina. Mas, chamado para depor, Carlos Roberto
entregou tudo.
O fato aconteceu no dia 24 de junho e teve grande
repercussão na região. Mas só estourou de vez ontem. Em entrevista ao CORREIO, a
“vítima”, conhecida como Lupita (e agora carinhosamente chamada de
mulher-ketchup), disse que a mandante do crime quer, na verdade, ficar com seu
companheiro.
“Ela teve um caso com meu marido. Mas ele não quis mais
ela. Aí mandou me matar pra ficar com ele”. Erenildes ainda garante que Maria
Nilza já contratou outros pistoleiros. “Ela já pagou três para me matar. Mas
todo mundo aqui gosta de mim, nunca fiz mal a ninguém”, diz a dona de casa, que
continua casada e garante não ter medo das ameaças. “Quem tira a vida dos outros
é Deus”. Erenildes confirma toda a história do ketchup e garante estar com o
dinheiro guardado para devolver à polícia. Questionada sobre onde foi forjado o
crime, ela contou logo: “Ele me levou para um matagal...”, explicou. “Fez tudo e
me deu R$ 240”.
O CORREIO tentou entrar em contato com a mandante do
crime, mas Maria Nilza estava fora da cidade o dia inteiro. Já o homem
contratado por ela teria se mudado para Barreiras, Oeste do estado.
Os
três envolvidos foram indiciados e respondem processo na Justiça. Carlos Roberto
e Elenildes por extorsão. Maria Nilza por ameaça de morte, já que ameaçou
pessoalmente a rival. “Não há crime de mando porque não se concretizou a
execução”, explicou o delegado. “Em oito anos de Polícia Civíl, nunca soube de
nada parecido. Olha que a gente ouve é história por aí”, destacou o titular.
Para os moradores de Pindobaçu, que tem pouco mais de 20 mil habitantes, a
mandante do crime fez papel de besta. “Será que ela não viu que a faca tava no
sovaco? A cidade toda mangou da cara dela”, disse a comerciante Vera Márcia de
Araújo.
Fonte: http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/pindobacu-mulher-que-forjou-morte-com-ketchup-recebeu-r-240-reais-de-pistoleiro/
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